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O que o Antigo Testamento fala sobre Missões?

Nos onze primeiros capítulos do livro de Gênesis encontramos alguns fatos importantes sobre o projeto redentor de Deus, que merecem destaque. A primeira coisa, é que depois de criar todas as coisas, Deus olhou e viu que tudo era muito bom e glorioso (1.31); a segunda coisa é que a partir do capítulo 3, entra um poder rebelde, maligno, não humano para estragar toda a criação (1-13), a partir daí Deus começa a pôr em prática o Seu projeto missionário através da promessa dada à mulher e da providencia de cobertura para a vergonha do homem.

A partir do capítulo 6, o ser humano se envolve na rebeldia e torna-se refém deste poder do mal (1-7). Porém, em todo o restante da Bíblia, nos deparamos com a entrada do Reino, do Poder e da Glória de Deus no território ocupado pelo inimigo, para resgatar o homem perdido. É o trabalho redentor de Deus para com a humanidade.

No trabalho redentor de Deus observamos o desenvolvimento de um projeto no qual “a graça de Deus intervém na história da humanidade com o propósito de derrotar o inimigo e salvar toda a raça humana das garras do Diabo”. Para isso, Deus conta e age através de pessoas, povos, circunstâncias, tudo o que possibilite a execução de seu plano remidor.

Assim, primeiramente Deus escolhe um homem – Abrão – muda-lhe o nome e o envia por vários territórios para que, através dele todas as famílias da terra sejam abençoadas (Gn. 12.1-3). Deus repete o mesmo mandamento aos descendentes de Abraão: Isaque (Gn. 26.1-5), Jacó (Gn. 28.10,15) e José. Este último ao tranquilizar seus irmãos dizendo: “Vocês me venderam, mas Deus me enviou” (Gn. 4.4 -8); fala do propósito de Deus levando-o ao Egito, onde se tornou uma Bênção e alcançando até mesmo o Faraó que reconheceu que José era um homem em quem havia o Espírito Santo (Gn. 41.38).

Depois, Deus escolhe um povo – O Povo Hebreu – descendente dos filhos de Abraão para fazer o Seu nome conhecido entre todos os povos da terra (Gn. 18.17-19; Ex. 19:5-6; Lev. 19:34; Deut. 4.5-8; Deut. 28:9-10; Jos. 4:23-24; Jz. 1.16; Rt. 1:16; I Sm. 8; 17:46; 2 Sm. 22:50-51; 2 Cr. 36; Sl. 67.1-2, Is. 2.2-3; …).

A seguir Deus usa a circunstância do cativeiro (diáspora) para alcançar as nações (2 Rs. 5.15-17; 2 Cr. 36.18-21; Esd. 5.12; 7.11-26; Jr. 18.7-10; 25.9-11; 29.1, 4,10; 31.33; Dn. 2.47; 3.28,29; 4.1-3,17,34, 35 e 37; 6.25-27) e ao mesmo tempo para castigar Israel pelos seus pecados. O cativeiro era, ao mesmo tempo, a vergonha do povo hebreu e a oportunidade de demonstrar a misericórdia, o cuidado e o perdão de Deus para com todos os que o buscam. Também chamadas de Diásporas judaicas, referem-se à dispersão dos judeus pelo mundo, e a formação das comunidades judaicas fora da Palestina (por cerca de dois mil anos).

A primeira diáspora ocorreu em 722 a.C., quando o Reino do Norte foi destruído pelos assírios e as dez tribos de Israel foram levadas cativas à Assíria e Judá passou a pagar altíssimos impostos para evitar a invasão que acabou acontecendo em 586 a.C., ano em que Nabucodonosor II – imperador babilônico – invadiu o Reino de Judá, destruindo Jerusalém e o Templo e deportando cerca de quarenta mil judeus para a Babilônia. Essa diáspora para a Babilônia fez com que muitos judeus florescessem como comunidade por lá, mantendo suas práticas e costumes religiosos, associados a outros costumes herdados dos babilônios e fez com que o hebraico perdesse sua importância em função do idioma aramaico que se tornou a língua comum. Alguns poucos judeus só tiveram permissão de regressar a Jerusalém após a queda do poder babilônico e a ascensão do imperador persa Ciro I, mas a grande maioria da população preferiu permanecer em Babilônia onde tinha uma sociedade constituída ao invés de retornar às vicissitudes da reconstrução de um país destruído como estava o deles.

A segunda diáspora aconteceu muito tempo depois, no ano 70 d.C. quando os romanos destruíram Jerusalém, fazendo os judeus irem para outros países da Ásia Menor ou sul da Europa, sem permissão para voltarem as suas terras por mais de 1000 anos. Os judeus dispersos estabeleceram comunidades judaicas nos países do Leste Europeu, conhecidas como Asquenazi (netos de Noé) e no norte da África (Sefaradins) de onde migram para a península Ibérica (Espanha e Portugal), sendo posteriormente expulsos pelo crescente cristianismo do século XV. Migrando para os Países Baixos, Balcãs, Turquia, Palestina e, estimulados pela colonização europeia, chegam ao continente americano.

Em cada uma das situações, observamos a preocupação de, Deus em levar avante a Missão redentora, com ou sem a ajuda e interesse de seu povo, pois a nação escolhida por Deus para receber e mediar a Sua bênção (Israel) (Ex. 19.3-8; Dt. 28.8-14; Sl. 67.1,2; 96.1-3; Is. 49.6), se afastou desse ideal e, embora seja verdade que havia em Jerusalém muitos estudiosos fanáticos das Escrituras, seus objetivos principais eram muito mais sustentar e proteger a nação de Israel do que ser uma bênção para as demais nações. Foi neste ínterim que, chegando a plenitude dos tempos (Gl. 4.4), o próprio Deus veio à terra a fim de garantir a salvação a todos quanto o recebessem (Jo. 1.12), cumprindo completamente o Seu projeto redentor, começando por anunciar a chegada do Seu Reino através de João Batista.

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